20/ 05 / 2020.
Ao comparar como o coronavírus tem sido encarado com os princípios da propaganda de Joseph Goebbels fica difícil não ver similaridades assustadoras.
Apesar de haver discordâncias sobre como o nazismo dizimou milhões de seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial, em uma coisa todos concordam: a propaganda do ministro de Hitler, Joseph Goebbels, foi altamente eficiente. Tanto que vários de seus princípios são utilizados até hoje e, mais atualmente, no enfrentamento ao novo coronavírus.
Um deles é o da “simplificação do
inimigo único”, onde tudo se resume a uma só ameaça, ignorando os males de
qualquer outro adversário. Por conta da pandemia, 70% das cirurgias de câncer
foram adiadas e 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados, segundo as
Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica. Mas o que vai
acontecer com essas pessoas e com tantas outras que tiveram diversos tipos de
tratamentos interrompidos não importa, afinal, todos os esforços estão voltados
ao “inimigo único”.
Outro princípio é o do
“contágio”, que consiste em divulgar com empenho a capacidade de disseminação,
preferencialmente, confundindo as pessoas para deixá-las o mais inseguras
possível. Hoje, querem nos fazer crer que sair de casa é caminhar para a morte.
Porém, se usar máscara e a saída for para ir ao mercado ou à farmácia, tudo
bem. Dizem que o vírus vai desaparecer se todo mundo se isolar e também afirmam
que a ameaça desaparecerá quando 70% da população for contaminada. Mas, como ser
contaminado se estamos “protegidos” em casa? Não, espere! Não estamos mais
protegidos, afinal, 66% das pessoas diagnosticadas com Covid-19 na cidade de
Nova York estavam dentro de casa. Até a Claudia Raia e toda sua família
contraíram o vírus dentro de casa... E agora? Estamos perdidos!
Mais um dos princípios da
propaganda nazista está sendo executado com maestria: o da “exageração e
desfiguração”, que consiste em exagerar nas más notícias criando um clima de
terror generalizado, onde um acontecimento negativo deve repercutir como se
fossem mil. No Brasil, a taxa de letalidade do coronavírus está na casa dos 6%,
enquanto apenas o câncer de próstata mata 14% dos pacientes. Mas, e daí? Câncer
não pega, ou melhor, só pega nos outros.
E se há um princípio praticado à
perfeição é o da “orquestração”, que consiste em compartilhar notícias falsas
até que se tornem “verdades inquestionáveis”. Uma delas é que o país precisa
parar e que a economia se recupera depois. Ora, uma pessoa que dedicou anos da
sua vida a um negócio, que colocou todas as suas economias, sua energia, seu
trabalho e que, há meses não fatura um real, mas tem de continuar pagando
despesas, funcionários e tributos, sem saber quando poderá voltar a abrir as
portas não se recupera. Simples assim. E os números estão aí para confirmar.
Enquanto temos um acumulado de 271.628 casos de coronavírus – com 106.794
pacientes já recuperados – 600 mil empresas fecharam as portas definitivamente.
Esses empreendedores estão sem trabalho, sem capital e, em sua maioria com um
histórico – bem como um CPF – negativo, o que os impede de se recuperar tão
facilmente como tem sido propagado aos quatro ventos.
Aliado a esses princípios está o
da “renovação”, que visa reforçar as más notícias 24 horas por dia até que o assunto
penetre no mais profundo da mente das pessoas fazendo-as pensar apenas no único
inimigo. Comentários sobre esse aspecto são totalmente dispensáveis.
Ainda temos o princípio do
“verossímil”, que busca especialistas para reforçar o poder destrutivo do
inimigo único, que geralmente é combinado com o princípio do “silêncio”, que
oculta todas as demais informações e cala qualquer fonte de esperança. Basta
divulgar apenas o trecho de uma fala afirmando que o inimigo pode matar – o que
é verdade ¬– silenciando os que lembram que há outros que matam muito mais e
que não estão sendo combatidos. É só acusá-los de monstros insensíveis, que não
ligam a mínima para os mortos pela Covid-19. Todas as demais mortes podem
esperar neste momento em que o mundo inteiro se volta para o inimigo único.
E tudo isso converge para o
objetivo maior que é chegar ao princípio da “unanimidade”, quando a maior parte
da população se vê acuada, temerosa, insegura e totalmente submissa para
aceitar toda e qualquer ordem governamental, ainda que seja desastrosa e sem
nexo, a exemplo do mega rodízio na cidade de São Paulo, quando o prefeito tirou
os carros das ruas e superlotou o transporte público, expondo as pessoas a uma
probabilidade de contágio muito maior. Daqui alguns dias veremos o resultado
dessa mega aglomeração e, quem sabe, o “aumento da curva” que ela pode causar
seja jogado sobre as pessoas que não ficaram em casa, “provando” que o lockdown
– que tanto o governo de São Paulo almeja – seja a “solução final”.
Para terminar, deixo uma das
frases que foi exaustivamente utilizada pela propaganda nazista e que se
encaixa perfeitamente como uma tentativa de justificar os desmandos dos dias de
hoje: “für ihre sicherheit”, ou seja, tudo isso é para a sua segurança.
Autora: Patricia Lages
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