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FIAT VOLUNTAS TUA!



Já era quase madrugada! Os anciãos desejosos de condenar o Senhor, tudo indica, não estavam sonolentos. Foram avisados e foram chegando aos poucos ao palácio de Caifás.
Sinédrio constituía o órgão supremo em matéria legislativa, religiosa e judicial dos judeus em tempos do Senhor.
Era tão grande o ódio do Sinédrio contra Jesus, que procuraram até falso testemunho para condená-lO à morte, mas não encontraram nada contra o Senhor: “Entretanto estavam perante o Juiz com muitas acusações, mas como eram sem fundamento, se contradiziam entre si, chegando até a dizerem que Jesus tinha afirmado que podia destruir o Templo, obra tão gigantesca e reedificá-lo em três dias, dando assim um sentido errado a suas palavras, formado com três falsidades: 1ª. Não disse Jesus que ele podia destruir, mas sim, disse aos outros que destruíssem. 2ª. Lugar, não apontou para o templo material, mas para si mesmo, como muito bem tinham entendido. 3ª. Jesus não disse: Eu o reedificarei, mas o ressuscitarei” (Sacerdote da Congregação da Missão).
Essas falsas testemunhas disseram muitas outras mentiras e falsidades contra o Imaculado Cordeiro: “Diziam que tinha pacto com o demônio, que infringia as festas, que era comilão e bebedor, que era amigo de publicanos e pecadores, que amotinava o povo, que induzia pessoas a não pagarem impostos, que blasfemava…, só uma verdade diziam, diziam que se fazia Filho de Deus” (Pe. Luis de La Palma).
Católico, a vida exemplar de Nosso Senhor fez com que essas falsas testemunhas engolissem as falsidades e mentiras proferidas. A Luz Eterna não deixou que as trevas a obscurecesse.
Seja você sal da terra e luz do mundo! Viva sempre na presença de Deus dando bom exemplo, e assim, aqueles que quiserem te destruir não encontrarão argumentos para acusá-lo: “Seja bom o vosso comportamento entre os gentios, para que, mesmo que falem mal de vós, como se fôsseis malfeitores, vendo as vossas boas obras glorifiquem a Deus…” (1 Pd 2, 12), e: “Não haveria necessidade de pregar se a nossa vida estivesse resplandecente de virtude. Não seriam necessárias as palavras se mostrássemos as obras. Não haveria pagãos se nós fôssemos verdadeiramente cristãos: se observássemos os preceitos de Jesus Cristo, se suportássemos o ser injustamente tratados e defraudados, se bendisséssemos os que nos amaldiçoam, se pagássemos bem por mal. Não haveria ninguém tão monstruoso que não abraçasse imediatamente a verdadeira religião, se realmente todos nos comportássemos assim” (São João Crisóstomo, Hom. Sobre 1 Tim, 10).
O católico que dá bom exemplo é um tesouro para a Santa Igreja, enquanto que o católico escandaloso é uma desgraça dentro da mesma.
Nosso Senhor permaneceu sereno e tranqüilo diante do Sinédrio, porque o mesmo não tinha dado motivo para que encontrassem algo contra Ele.
Católico, dê sempre o bom exemplo, e não temerá as línguas falsas e mentirosas dos inimigos: “O bom exemplo é um sermão que todos podem pregar. Com ele pode fazer-se mais fruto nas almas, do que com muitos discursos que só recreiam os ouvidos. O pregar com a palavra nem a todos é concedido; mas pregar com o exemplo a ninguém é defeso” (Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de Luz, 60).
Em Mt 26, 62-64 diz: “Levantando-se então o Sumo Sacerdote, disse-lhe: ‘Nada respondes? O que testemunham estes contra ti? Jesus, porém, ficou calado. E o Sumo Sacerdote lhe disse: ‘Eu te conjuro pelo Deus Vivo que nos declares se tu és o Cristo, o Filho de Deus’. Jesus respondeu: ‘Tu o disseste. Aliás, eu vos digo que, de ora em diante, vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu”.
Desfilaram-se pela sala inúmeras testemunhas, mas todas falsas e mentirosas. Conhecendo portanto Caifás, que nada aproveitava, por se contradizerem e nada provarem, ou serem evidentemente falsas, e Jesus se calar, e nada responder, que pudesse servi-lo de pretexto para sua acusação. Levanta-se esse insidioso Juiz, e conjura a Jesus que diga claramente se Ele era o Cristo: “Se Jesus se cala, será um desprezador da Autoridade; se nega, será em contradição com sua doutrina; se afirma, será um blasfemo; e assim de qualquer modo será culpado. Jesus penetra seus maliciosos intentos, e previne a seus inimigos que embora lhes manifeste a verdade, não hão de o acreditar, mas pelo contrário, tomarão motivo de o condenar; todavia, responde francamente: Sim, eu sou o Cristo” (Sacerdote da Congregação da Missão).
Nosso Senhor ficou calado diante das falsas acusações, mas quando Caifás recorreu ao juramento mais solene, ao qual ninguém se podia subtrair: “Eu te conjuro pelo Deus Vivo que nos declares se tu és o Cristo, o Filho de Deus” (Mt 26, 63), então Cristo Jesus disse: “Tu o disseste. Aliás, eu vos digo que, de ora em diante, vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mt 26, 64).
Católico, às vezes você se encontra em certas ocasiões difíceis e embaraçosas; gente da sua própria família te coloca à prova, querendo saber se realmente você é uma pessoa verdadeira e fiel a Nosso Senhor. Não se intimide nem se acovarde, pelo contrário, seja corajoso e mostre com palavras e com o comportamento que a sua fé é convicta, e que os inimigos da Luz Eterna jamais te sufocarão: “A caridade nunca pensa mal de ninguém e o mundo o pensa sempre de toda sorte de pessoas; e, não podendo acusar as nossas ações, condena ao menos as nossas intenções. Enfim, tenham os carneiros chifres ou não, sejam pretos ou brancos, o lobo sempre os há de tragar, se puder” (São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota, Parte IV, 1).
Cristo Jesus manteve-se em silêncio diante das acusações, não convinha que o Filho de Deus falasse por medo de uma criatura.
Quando línguas malignas tentarem te destruir, siga o exemplo e a serenidade do Manso Cordeiro. Lembre-se de que em algumas ocasiões é preciso se defender: “Duas exceções, no entanto, é necessário fazer: a primeira concerne a certos crimes tão graves e infames de que ninguém deve sofrer a censura, se se pode justificar; a segunda é referente a certas pessoas, cuja reputação é necessária ao bem público. Neste dois casos, segundo a sentença dos teólogos, é necessário defender-se tranquilamente dos agravos recebidos” (São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota, Parte III, 7), e o Catecismo da Igreja Católica ensina: “Toda falta cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de reparação, mesmo que seu autor tenha sido perdoado” (nº. 2487).
Como já foi comentado, o Amado Senhor, Deus Verdadeiro, disse a Caifás que Ele era o Cristo. O Sumo Pontífice não gostou do que ouvira e com gestos de indignação rasgou as suas vestes: “O Sumo Sacerdote então rasgou suas vestes, dizendo: ‘Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Vede: vós ouvistes neste instante a blasfêmia” (Mt 26, 65), e: “O Sumo Sacerdote, ao ouvi-lo, com a mesma fúria com que se tinha levantado, rasgou as vestes com as mãos; isto é o que costumavam fazer os judeus quando ouviam uma blasfêmia. Caifás exagerou assim o gesto para agravar mais a causa de Jesus Nazareno e condená-lo pela blasfêmia que tinha dito. O Sumo Sacerdote desnudou o peito, e Jesus pôde ver como o tinha cheio de inveja e maldade. Esse velho sacerdote mentiroso não pôde ouvir a maior verdade de todas as verdades que acabava de dizer o novo e jovem sacerdote Jesus Cristo, e disse que a verdade era blasfêmia” (Pe. Luis de La Palma).
Caifás, Sumo Sacerdote, se irritou diante da resposta de Cristo Jesus, porque Nosso Senhor confessou solenemente ser o Messias, o Filho de Deus. Caifás disse que a verdade era blasfêmia.
Católico, cuidado para não se vender para os “Caifás” de hoje; eles estão espalhados por todos os lugares. São pessoas que querem que a verdade seja mentira e que a mentira seja verdade, que a luz seja trevas e que as trevas sejam luz, etc. Permanece firme na Santa Doutrina Católica Apostólica Romana, mesmo que tenha de suportar inúmeras perseguições, desprezos e até agressões.
Muitos, com a intenção de te intimidar, farão teatro como o fez Caifás rasgando as suas vestes. A túnica costumava rasgar-se por uma espécie de costura, evitando rasgar assim o tecido. Era um costume para expressar a indignação e o protesto contra os sacrilégios e as blasfêmias.
Não se abale com os uivos dos lobos, mas conte com a proteção de Deus e continue firme no caminho rumo à santidade: “O homem justo há de alegrar-se no Senhor e junto dele encontrará o seu refúgio, e os de reto coração triunfarão” (Sl 63, 11).
Em Mt 26, 66-68 diz: “Que pensais?’ Eles responderam: ‘É réu de morte. E cuspiram-lhe no rosto e o esbofetearam. Outros lhe davam bordoadas, dizendo: ‘Faze-nos uma profecia, Cristo: quem é que te bateu?”
Em Mc 14, 64 diz: “Todos julgaram-no réu de morte”. Assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito: “…o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e escribas. Eles o condenarão à morte” (Mt 20, 18).
Os servidores e criados dos sacerdotes, que estavam ali presentes, ao ouvirem a sentença, descarregaram contra Nosso Senhor toda a sua ira: “Cuspiram na Sua divina Face! Imaginai, a Face mais bela, mais santa, que há pouco ainda estava circundada de fulgor celeste, esta Face que era uma imagem da alma mais santa, mais amante, esta Face que olha para todos os filhos dos homens com admirável misericórdia, nesta Face adorável, pobres, míseras criaturas ousam cuspir!” (Pe. J. Cabral).
Eles não só cuspiram na Face do Salvador, mas Lhe deram bofetadas, bordoadas e zombaram d’Ele: “A degradação daqueles homens, os guias do povo, era muito grande. O exemplo dos mestres foi seguido com facilidade pelos servidores do Templo, a quem encomendaram a sua custódia durante aquela noite (Lc). Para se rirem da sua fama de profeta, vendaram-lhe os olhos e batiam-lhe, perguntando-lhe a seguir: Adivinha, Cristo, quem te bateu? São Lucas acrescenta que diziam contra ele muitas outra injúrias. Jesus deixa que lhe façam isso; e cresce em dignidade diante de todos à medida que os outros se perdem” (Pe. Francisco Fernández-Carvajal).
Católico, é difícil de acreditar que simples criaturas, pobres e miseráveis, cuspiram e esbofetearam a Face do Divino Cordeiro. Esses estavam mergulhados no ódio e na inveja contra o Salvador da humanidade.
Hoje, infelizmente, milhares de católicos, quando comungam em pecado mortal, cospem e esbofeteiam a Nosso Senhor presente na Santíssima Eucaristia: “Jesus é muito ofendido na Eucaristia pelas múltiplas irreverências cometidas pelos próprios cristãos; pelos sacrilégios, cujo número e malícia causam admiração aos próprios demônios. Quantas Comunhões sacrílegas, em que Jesus é entregue ao demônio, aos atos diabólicos da magia… Quantos sacerdotes indignos que traem o seu Mestre e o entregam aos seus inimigos!” (São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol 3).
Seja um católico temente a Deus! Respeite a Nosso Senhor, agradeça-Lhe pelas inúmeras graças recebidas e faça tudo para agradar-Lhe.



Oração:


Jesus Querido, ajude-nos para que permaneçamos sempre unidos a Ti, mesmo quando aparecerem inúmeros obstáculos.
Aquele que O segue friamente com certeza Te abandonará, por isso, Amado Mestre, encha o nosso coração de força e amor, para que O sigamos sem jamais vacilarmos.
Jesus Amor, em Ti está a verdadeira alegria, fora do Teu Coração tudo é tristeza e ilusão. Robustecei-nos para que enfrentemos com paciência e serenidade a todos aqueles que quiserem nos desviar do bom caminho.

Fonte: Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Jesus perante o sinédrio”

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