Aquele que por nós quis nascer não quis ser por nós ignorado
Embora no mesmo
mistério da Encarnação do Senhor os sinais da sua divindade tenham sido sempre
claros, também a solenidade que celebramos manifesta e revela de muitas formas
que Deus assumiu um corpo humano, para que a nossa natureza mortal, sempre envolvida
por tantas obscuridades, não perca por ignorância o que por graça mereceu
receber e possuir.
Com efeito, Aquele
que por nós quis nascer não quis ser por nós ignorado; e por isso Se manifestou
deste modo, para que o grande mistério da sua bondade não fosse ocasião de
grande erro.
Hoje os Magos, que
O buscavam resplandecente nas estrelas, encontram-n’O chorando no berço. Hoje
os Magos vêem claramente envolvido em panos Aquele que há tanto tempo
procuravam de modo obscuro nos astros.
Hoje os Magos
consideram com profunda admiração o que vêem no presépio: o Céu na terra, a
terra no Céu, o homem em Deus, Deus no homem, e Aquele a quem todo o universo
não pode conter incluído num pequenino corpo de criança. Vêem, crêem e não
discutem, como o demonstram os seus dons simbólicos: com o incenso
reconhecem-n’O como Deus, com o ouro aceitam-n’O como Rei, com a mirra exprimem
a fé n’Aquele que havia de morrer.
Assim, os gentios,
que eram os últimos, passaram a ser os primeiros: graças à fé dos Magos foi
consagrada a crença de toda a gentilidade.
Hoje entra Cristo
nas águas do rio Jordão para lavar o pecado do mundo. Para isso veio ao mundo,
como dá testemunho o mesmo João: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo. Hoje o servo recebe o Senhor; o homem recebe a Deus; João recebe a
Cristo; recebe-O para obter o perdão, não para o dar.
Hoje, como anuncia
o Profeta, a voz do Senhor ressoa sobre as águas. Que voz? Este é o meu Filho
amado em quem pus toda a minha complacência.
Hoje o Espírito
Santo paira sobre as águas em forma de pomba, para que, assim como a pomba de
Noé anunciou o fim do dilúvio, assim esta fosse sinal de haver cessado o
perpétuo naufrágio do mundo; não trouxe, porém, como aquela, apenas um pequeno
ramo da velha oliveira, mas derramou a plenitude do crisma sobre a cabeça do
novo Progenitor, cumprindo-se assim o que o Profeta anunciou: Por isso, o
Senhor teu Deus te ungiu com o óleo da alegria, de preferência a todos os teus
companheiros.
Hoje Cristo dá
início aos sinais celestes, convertendo a água em vinho. Mas a água havia de
converter-se no sacramento do Sangue, para que Cristo oferecesse aos que têm
sede o cálice puro da sua graça em plenitude, como diz o Profeta: O meu
precioso cálice transborda.
RESPONSÓRIO
R. São três os dons preciosos que os Magos ofereceram ao
Senhor, naquele dia, como símbolos do seu mistério: * O ouro manifesta o Rei
poderoso, o incenso proclama o Sumo Sacerdote, a mirra anuncia a morte e
sepultura do Senhor.
V. Os Magos adoraram no presépio o Autor da nossa salvação,
e dos seus tesouros ofereceram-Lhe simbólicos presentes; * O ouro manifesta o
Rei poderoso, o incenso proclama o Sumo Sacerdote, a mirra anuncia a morte e
sepultura do Senhor.
Oração
Iluminai, Senhor,
os nossos corações com o esplendor da vossa divindade, para que, através das
trevas deste mundo, caminhemos com segurança para a pátria da luz eterna. Por
Nosso Senhor. R. Amen.
V. Bendigamos o Senhor.
R. Dêmos graças a Deus.
Comentários
Postar um comentário