CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS
Leão XIII (Papa de 1878 -1903), na carta encíclica Annum Sacrum, de 25 de agosto de 1899,
declarou que a consagração da humanidade ao Coração de Jesus é plenamente devida a Jesus Cristo, porque ele
é Rei e Senhor de todas as coisas e por isso dispôs que no Ano Santo de 1900 a
humanidade inteira fosse consagrada ao Sacratíssimo Coração de Jesus. Em 21 de
julho de 1899, com a Carta da Congregação dos Ritos, aprovava a Ladainha em
honra do Sagrado Coração de Jesus e exortava a cumprir as pias práticas das
primeiras sextas-feiras do mês e a dedicar o mês de junho ao Coração de Jesus.
I – A DOUTRINA
A)
MOTIVOS DESTA CONSAGRAÇÃO
a) A consagração é devida a Jesus
Cristo por direito de natureza
1) Porque Rei e Senhor de todas as
coisas
Este universal e solene testemunho,
de honra e de piedade, é plenamente devido a Jesus Cristo próprio, porque ele é
Rei e Senhor de todas as coisas. A sua autoridade de fato não se estende
somente aos povos que professam a fé católica e àqueles, que validamente
batizados, pertencem de direito à Igreja (também se os erros doutrinais os
mantém distantes dela.
NATUREZA
E PRÁTICA DA DEVOÇÃO
“A devoção ao Sagrado Coração de
Jesus foi a maior explosão de luz que o mundo conheceu depois de Pentecostes.” (Monsenhor Bougard)
Os fundamentos escriturísticos e
históricos os temos ilustrados. Santa Margarida Maria Alacoque foi o
instrumento providencial, escolhido por Jesus para fazer conhecer e difundir o
culto ao seu Coração.
A Igreja, como faz sempre em casos
símiles, se assegurou da verdade dos fatos, das aparições e das promessas,
submetendo-as a acurado questionamento e sério exame, também em base e
referências à vida da santa.
Quanto aos fundamentos doutrinais
se parte do princípio que o Coração de Jesus é digno de adoração como tudo
àquilo que se refere à sua pessoa. Adora-se o coração enquanto unido à pessoa
divina do Verbo encarnado.
Portanto, a devoção ao Coração é
devoção ao amor divino, da qual o coração é o símbolo. Não é invenção de um
gênio místico, nem ilusão de Santa Margarida Maria, bem que é efeito da ação do
Espírito Santo, vivo e operante na Igreja, que continua a difundir a mensagem
de salvação, a qual essência é o amor de Deus para o homem, manifestado em
Jesus. A religião cristã, de fato, é religião de amor: amor de Deus pelos
homens, amor dos homens por Deus, que encontra a mais alta e grandiosa
realização na encarnação do Verbo. O Pai, por amor, doa o próprio Filho aos
homens. O Verbo, feito homem, vive sobre a terra uma vida de amor, da qual o
coração é símbolo natural.
Não faltam reservas e
dificuldades, quando os fisiologistas descobrem que o amor e os sentimentos não
partem do coração, mas sim do cérebro. Surgiram polêmicas, tanto que o Papa Pio
IX intervém para fazê-las cessar, porque eram inoportunas e perigosas,
precisando que o coração não era considerado como órgão ou sede do amor, bem
que símbolo do amor que ao mesmo tempo o coração é afetado, sem dúvidas
nenhuma, pelos movimentos afetivos, tanto que comumente se afirma, não por
metáforas, mas realmente, que o coração bate forte, que o coração é frio ou
quente.
São afirmações que traduzem uma
realidade fisiológica. O Coração de Jesus era um coração humano como o nosso,
um coração perfeito e sensível.
Justamente um Cardeal francês
escrevia: “O culto ao Sagrado Coração é mais que uma devoção; é toda a religião
no que há de mais tocante, de mais eficaz, de mais alto. Tem todo o Evangelho,
que podem ser resumidas em duas simples palavras: Jesus te amou e tu ama-o.”
COMO
VIVÊ-LA
Cada devoção é um conjunto de
ideias, sentimentos e pias práticas em relação com o próprio fim e objeto.
Jesus mesmo declarou o fim da devoção ao seu Coração com fatos e com palavras,
como já dissemos. Apresentando o seu coração transpassado quis:
Atrair a atenção sobre o seu amor
infinito;
Pedir que se lhe renda homenagem;
Confiar no seu Coração
infinitamente rico e corresponder com o nosso amor;
De consequência, a devoção ao
Sagrado Coração se realiza com estes atitudes:
1.
Adesão na fé, crer no íntimo amor de Jesus da
qual o Sagrado Coração é símbolo e às suas promessas feitas a cada um de nós,
recordando-as, particularmente nos momentos de dúvidas, na certeza de que Jesus
mantém as suas promessas.
2.
Adesão
no amor, que nos impulsiona a procurar e a amar Deus como Pai e nos faz
descobrir em cada homem, especialmente nos menos capazes, um irmão.
A
resposta mais autêntica é a consagração ao Coração de Jesus, que é um ato de grande amor a
Cristo, uma oferta de si mesmo, daquilo que somos e daquilo que temos fazendo
com que nos ofertamos totalmente a Cristo tornando-nos como seus sacrários
vivos.
Pio XII explicava que quando
dizemos a Cristo: “te oferecemos a nossa vida, nós continuaremos a viver, mas
será Cristo a viver em nós”. O mesmo Papa ressaltava na consagração uma
renovação e ratificação das Promessas batismais. Essa leva ao abandono e nos
faz dizer como o salmista “os meus dias estão nas tuas mãos”, na confiante
disposição de deixar que ele cumpra em nós os seus desígnios, que se faça de
nós segundo a sua palavra.
A
reparação é sempre a companheira inseparável do amor. Quem ama de verdade,
não pode ficar indiferente diante das ofensas feitas ao ser amado. A nossa
reparação é uma participação às reparações de Cristo, às suas lutas contra o
mal.
Jesus pediu expressamente a
Comunhão reparadora, porque na Eucaristia pulsa aquele seu coração transpassado
que nos foi mostrado e também nos recorda que a Eucaristia é o seu maior dom.
Existe outra prática muito
difundida, aquela do Apostolado da Oração, nascido no século XIX, por obra dos
Padres Jesuítas, e em estreita conexão com a devoção ao Sagrado Coração. O
Apostolado é a cooperação com Cristo na redenção das almas.
A oração é o respiro do
apostolado. Como não se pode viver sem respirar, assim o cristão sem a oração
não alimenta a sua vida. A oração é o primeiro apostolado.
A oração que os inscritos a este
apostolado recitam a cada dia é uma das mais belas e completas. Aos Corações de
Jesus e de Maria confiam as ações da própria jornada, segundo as intenções
particulares e mensais designadas pelo Papa e pelos Bispos.
Jesus também pediu que a sua imagem fosse venerada em nossas casas.
É uma homenagem sempre mais difundida. Ele nos dá uma lição quando nos diz:
“Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”.
Durante o mês de junho, dedicado
ao Sagrado Coração, enfim, seria importante que se recitassem a Ladainha e o
ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus.
FINALIDADE
Esta devoção consiste propriamente
na união ao Coração de Jesus. Sem essa união não podemos viver plenamente o
amor que vem de Deus, nem nos tornarmos humildes. Mas, corremos o risco de
nutrirmos somente orgulho e soberba. Como fazer?
1.
Compreender e apreciar o amor de Jesus por nós,
correspondendo ao seu amor com a gratidão, a imitação e a reparação.
2.
Imitar: amar Jesus no seu amor para nós
significa conformar-se a ele no fazer sempre e a qualquer custo a vontade de
Deus Pai “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou” (Jo 4,34)
3.
Reparar: é uma das expressões maiores, meritórias
e espiritualmente rentáveis da devoção ao Coração, ao amor de Jesus. É a
reparação das ofensas feitas a Deus com os pecados.
4.
Consagrar-se: com o sacramento do Batismo
fomos consagrados a Deus. Renovar esta consagração ao Coração de Jesus
significa despertar e consolidar o empenho a ser todo de Deus e confiar-se
totalmente a Cristo.
5.
Amar a Deus e ao próximo: a devoção ao Coração, ao amor de
Jesus, é um meio muito eficaz para conservar e crescer no fervor da caridade,
do amor para com Deus e o próximo, bem como para superar a aridez espiritual.
6.
Coração de Jesus e Coração de
Maria: porque
Jesus elevou ao céu o Coração de sua Santíssima Mãe, Maria Santíssima, assim
sendo, o Coração de Jesus é em certo sentido o Coração de Maria. Não podemos,
portanto, sermos devotos do Coração de Jesus sem sermos também do Coração de
Maria. Isto vale também, para com o Coração Castíssimo de São José. Estes três
Corações Santíssimos não podem ficar divididos e separados um do outro.
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