D.14.18.2 Nome de Deus:
Adonai
§209 Por respeito à santidade de Deus, o povo de
Israel não pronuncia seu nome. Na leitura da Sagrada Escritura, o nome
revelado é substituído pelo título divino "Senhor" ("Adonai", em grego
"Kýrios"). É com este título que ser aclamada a divindade de Jesus:
"Jesus é Senhor".
YHWH Kyrios
§206 Ao revelar seu nome misterioso de Iahweh, "Eu
sou AQUELE QUE É" ou "Eu Sou Aquele que SOU" ou também "Eu sou Quem
sou", Deus declara quem Ele é e com que nome se deve chamá-lo. Este nome
divino é misterioso como Deus é mistério. Ele é ao mesmo tempo um nome
revelado e como que a recusa de um nome, e é por isso mesmo que exprime
da melhor forma a realidade de Deus como ele é, infinitamente acima de
tudo o que podemos compreender ou dizer: ele é o "Deus escondido" (Is
45,15), seu nome é inefável, e ele é o Deus que se faz próximo dos
homens.
§210 Depois do pecado de Israel, que se desviou de
Deus para adorar o bezerro de ouro, Deus ouve a intercessão de Moisés e
aceita caminhar no meio de um povo infiel, manifestando, assim o seu
amor. A Moisés, que pede para ver sua glória, Deus responde: "Farei
passar diante de ti toda a minha beleza e diante de ti pronunciarei o
nome de Iahweh" (Ex 33,18-19). E o Senhor passa diante de Moisés e
proclama: "Iahweh, Iahweh, Deus de ternura e de compaixão, lento para a
cólera e rico em amor e fidelidade" (Ex 34,6). Moisés confessa então que
o Senhor é um Deus que perdoa.
§211 O Nome divino "Eu sou" ou "Ele é" exprime a
fidelidade de Deus, que, apesar da infidelidade do pecado dos homens e
do castigo que ele merece, "guarda seu amor a milhares" (Ex 34,7). Deus
revela que é "rico em misericórdia" (Ef 2,4), indo até o ponto de dar
seu próprio Filho. Ao dar sua vida para libertar-nos do pecado, Jesus
revelará que ele mesmo traz o Nome divino: "Quando tiverdes elevado o
Filho do Homem, então sabereis que "EU SOU" (Jo 8,28).
§213 A revelação do nome inefável "EU SOU AQUELE QUE
SOU" contém, pois, a verdade de que só Deus é. E neste sentido que a
tradução dos Setenta e, na esteira deles, a Tradição da Igreja
compreenderam o nome divino: Deus é a plenitude do Ser e de toda
perfeição, sem origem e sem fim. Ao passo que o das as criaturas
receberam dele todo o seu ser e o seu ter, só ele é seu próprio ser, e é
por si mesmo tudo o que é.
§214 Deus, "Aquele que é", revelou-se a Israel como
Aquele que e rico em amor e em fidelidade" (Ex 34,6). Esses dois termos
exprimem de forma condensada as riquezas do nome divino. Em todas as
suas obras Deus mostra sua benevolência, bondade, graça, amor, mas
também sua confiabilidade, constância, fidelidade, verdade. "Celebro teu
nome por teu amor e verdade" (Sl 138,2). Ele é a Verdade, pois "Deus é
Luz, nele não há trevas" (1Jo 1,5), e "Amor", como ensina o apóstolo
João (1Jo 4,8).
§231 O Deus de nossa fé revelou-se como Aquele que
é; deu-se a conhecer como "cheio de amor e fidelidade" (Ex 34,6). Seu
próprio ser é Verdade e Amor.
§446 Na versão grega dos livros do Antigo
Testamento, o nome inefável com o qual Deus se revelou a Moisés, Iahweh,
traduzido por "Kýrios" ["Senhor"]. Senhor torna-se desde então o nome
mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É
neste sentido forte que o Novo Testamento utiliza o título de "Senhor"
para o Pai, e também - e aí está a novidade - para Jesus reconhecido
assim como o próprio Deus.
D.14.18.3 Respeito ao nome de Deus
§2150 O segundo mandamento proíbe o juramento
falso. Fazer juramento ou jurar é invocar a Deus como testemunha do que
se afirma. E invocar a veracidade divina como garantia de nossa própria
veracidade. O juramento empenha o nome do Senhor. "E ao Senhor teu Deus
que temerás, a Ele servirás e pelo seu nome jurarás" (Dt 6,13).
§2151 Abster-se de jurar falsamente é um dever para
com Deus. Como Criador e Senhor, Deus é a regra de toda verdade. A
palavra humana está de acordo com Deus ou em oposição a Ele, que é a
própria verdade. Quando é verídico e legítimo, o juramento põe à luz a
relação da palavra humana com a verdade de Deus. O juramento falso
invoca Deus para ser testemunha de uma mentira.
§2152 E perjuro aquele que, sob juramento, faz uma
promessa que não tem intenção de manter ou que, depois de ter prometido
algo sob juramento, não o cumpre. O perjúrio constitui uma grave falta
de respeito para com o Senhor de toda palavra. Comprometer-se por
juramento a praticar uma obra má contrário à santidade do nome divino.
§2153 Jesus expôs o segundo mandamento no Sermão da
Montanha: "Ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não perjurarás, mas
cumprirás os teus juramentos para com o Senhor'. Eu, porém, vos digo:
não jureis em hipótese nenhuma... Seja o vosso 'sim', sim, e o vosso
'não', não. O que passa disso vem do Maligno" (Mt 5,33~34.37). Jesus
ensina que todo juramento implica uma referência a Deus e que a presença
de Deus e de sua verdade deve ser honrada em toda palavra. A discrição
em recorrer a Deus na linguagem caminha de mãos dadas com a atenção
respeitosa à sua presença, testemunhada ou desprezada, em cada uma de
nossas afirmações.
§2154 Seguindo S. Paulo, a Tradição da Igreja
entendeu que as palavras de Jesus não se opõem ao juramento quando é
feito por uma causa grave e justa (por exemplo, perante um tribunal). "O
juramento, isto é, a invocação do nome de Deus com testemunha da
verdade, não se pode fazer, a não ser na verdade, no discernimento e na
justiça."
§2155 A santidade do nome divino exige que não se
recorra a ele para coisas fúteis e não se preste juramento em
circunstâncias suscetíveis de interpretá-lo como uma aprovação do poder
que o exigisse injustamente. Quando o juramento é exigido por
autoridades civis ilegítimas, pode-se recusá-lo. Deve ser recusado
quando é pedido para fins contrários à dignidade das pessoas ou à
comunhão da Igreja.
§2162 O segundo mandamento proíbe todo uso
inconveniente do nome de Deus. A blasfêmia consiste em usar o nome de
Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos santos de maneira
injuriosa.
§2163 O juramento falso invoca Deus como testemunha
de uma mentira. O perjúrio é uma falta grave contra o Senhor, sempre
fiel a suas promessas.
D.14.18.4 Revelação do nome de Deus
§203 A seu povo, Israel, Deus revelou-se,
dando-lhe a conhecer o seu nome. O nome exprime a essência, a identidade
da pessoa e o sentido de sua vida. Deus tem um nome. Ele não é uma
força anônima. Desvendar o próprio nome é dar-se conhecer aos outros; é,
de certo modo, entregar-se a si mesmo, tomando-se acessível, capaz de
ser conhecido mais intimamente e de ser chamado pessoalmente.
§204 Deus revelou-se progressivamente a seu povo e
com diversos nomes, mas é a revelação do nome divino feita a Moisés na
teofania da sarça ardente, pouco antes do Êxodo e da Aliança do Sinai,
que se tomou a revelação fundamental para a Antiga e a Nova Aliança.
§205 Deus chama Moisés do meio de uma sarça que
queima sem consumir-se. Ele diz a Moisés: "Eu sou o Deus de teu pai, o
Deus de Abra o, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó" (Ex 3,6). Deus é o
Deus dos pais, Aquele que havia guiado os patriarcas em suas
peregrinações. Ele é o Deus fiel e compassivo que se lembra deles e de
suas próprias promessas; vem para libertar seus descendentes da
escravidão. Ele é o Deus que, para além do espaço e do tempo, pode e
quer fazê-lo, e que colocará sua onipotência em ação a serviço desse
projeto.
"Eu sou AQUELE QUE É"
Moisés disse a Deus: "Quando eu for aos filhos de
Israel e disser: O Deus de vossos pais me enviou até vós", e me
perguntarem: "Qual é o seu nome?", que direi?" Disse Deus a Moisés: "Eu
sou AQUELE QUE É". Disse mais: "Assim dirás aos filhos de Israel: "EU
SOU me enviou até vós"... Este é o meu nome para sempre, e esta ser a
minha lembrança de geração em geração (Ex 3,13-15).
§206 Ao revelar seu nome misterioso de Iahweh, "Eu
sou AQUELE QUE É" ou "Eu Sou Aquele que SOU" ou também "Eu sou Quem
sou", Deus declara quem Ele é e com que nome se deve chamá-lo. Este nome
divino é misterioso como Deus é mistério. Ele é ao mesmo tempo um nome
revelado e como que a recusa de um nome, e é por isso mesmo que exprime
da melhor forma a realidade de Deus como ele é, infinitamente acima de
tudo o que podemos compreender ou dizer: ele é o "Deus escondido" (Is
45,15), seu nome é inefável, e ele é o Deus que se faz próximo dos
homens.
§207 Ao revelar seu nome, Deus, revela ao mesmo
tempo sua fidelidade, que é de sempre e para sempre, válida tanto para o
passado ("Eu sou o Deus de teus pais", Ex 3,6) como para o futuro ("Eu
estarei contigo", Ex 3,12). Deus, que revela seu nome como "Eu sou",
revela-se como o Deus que está sempre presente junto a seu povo para
salvá-lo.
§208 Diante da presença atraente e misteriosa de
Deus, o homem descobre sua pequenez. Diante da sarça ardente, Moisés
tira a sandálias e cobre o rosto em face da Santidade Divina. Diante da
glória de Deus três vezes santo, Isaias exclama: "Ai de mim estou
perdido! Com efeito, sou um homem de lábios impuros" (Is 6,5). Diante
dos sinais divinos que Jesus faz, Pedro exclama "Afasta-te de mim,
Senhor, porque sou um pecador" (Lc 5,8). Mas porque Deus é santo, pode
perdoar o homem que se descobre pecador diante dele: "Não executarei o
ardor da minha ira... porque sou Deus e não homem, eu sou santo no meio
de ti" (Os 11,9). O apóstolo João dirá: "Diante dele tranqüilizaremos
nosso coração, se nosso coração nos acusa, porque Deus é maior do que
nosso coração e conhece todas as coisas" (1Jo 3,19-20).
§209 Por respeito à santidade de Deus, o povo de
Israel não pronuncia seu nome. Na leitura da Sagrada Escritura, o nome
revelado é substituído pelo título divino "Senhor" ("Adonai", em grego
"Kýrios"). É com este título que ser aclamada a divindade de Jesus:
"Jesus é Senhor".
§210 Depois do pecado de Israel, que se desviou de
Deus para adorar o bezerro de ouro, Deus ouve a intercessão de Moisés e
aceita caminhar no meio de um povo infiel, manifestando, assim o seu
amor. A Moisés, que pede para ver sua glória, Deus responde: "Farei
passar diante de ti toda a minha beleza e diante de ti pronunciarei o
nome de Iahweh" (Ex 33,18-19). E o Senhor passa diante de Moisés e
proclama: "Iahweh, Iahweh, Deus de ternura e de compaixão, lento para a
cólera e rico em amor e fidelidade" (Ex 34,6). Moisés confessa então que
o Senhor é um Deus que perdoa.
§211 O Nome divino "Eu sou" ou "Ele é" exprime a
fidelidade de Deus, que, apesar da infidelidade do pecado dos homens e
do castigo que ele merece, "guarda seu amor a milhares" (Ex 34,7). Deus
revela que é "rico em misericórdia" (Ef 2,4), indo até o ponto de dar
seu próprio Filho. Ao dar sua vida para libertar-nos do pecado, Jesus
revelará que ele mesmo traz o Nome divino: "Quando tiverdes elevado o
Filho do Homem, então sabereis que "EU SOU" (Jo 8,28).
§212 Ao longo dos séculos, a fé de Israel pôde
desenvolver e aprofundar as riquezas contidas na revelação do nome
divino. Deus é único, fora dele não há deuses. Transcende o mundo e a
história. Foi Ele quem fez o céu e a terra: "Eles perecem, mas tu
permaneces; todos ficam gastos como a roupa... mas tu existes, e teus
anos jamais findarão!" (S1102,27-28). Nele "não h mudança, nem sombra de
variação" (Tg 1,17). Ele é "AQUELE QUE É", desde sempre e para sempre, e
é assim que permanece sempre fiel a si mesmo e às suas promessas.
§213 A revelação do nome inefável "EU SOU AQUELE QUE
SOU" contém, pois, a verdade de que só Deus é. E neste sentido que a
tradução dos Setenta e, na esteira deles, a Tradição da Igreja
compreenderam o nome divino: Deus é a plenitude do Ser e de toda
perfeição, sem origem e sem fim. Ao passo que o das as criaturas
receberam dele todo o seu ser e o seu ter, só ele é seu próprio ser, e é
por si mesmo tudo o que é.
§214 Deus, "Aquele que é", revelou-se a Israel como
Aquele que e rico em amor e em fidelidade" (Ex 34,6). Esses dois termos
exprimem de forma condensada as riquezas do nome divino. Em todas as
suas obras Deus mostra sua benevolência, bondade, graça, amor, mas
também sua confiabilidade, constância, fidelidade, verdade. "Celebro teu
nome por teu amor e verdade" (Sl 138,2). Ele é a Verdade, pois "Deus é
Luz, nele não há trevas" (1Jo 1,5), e "Amor", como ensina o apóstolo
João (1Jo 4,8).
§215 "O princípio de tua palavra é a verdade, tuas
normas são justiça para sempre" (Sl 119,160). "Sim, Senhor Deus, és tu
que és Deus, tuas palavras são verdade" (2Sm 7,28); é por isso que as
promessas de Deus sempre se realizam. Deus é a própria Verdade, suas
palavras não podem enganar. É por isso que podemos entregar-nos com toda
a confiança à verdade e à fidelidade de sua palavra em todas as coisas.
O começo do pecado e da queda do homem foi uma mentira do tentador que
induziu duvidar da palavra de Deus, de sua benevolência e fidelidade.
§216 A verdade de Deus é sua sabedoria que comanda
toda ordem da criação e do governo do mundo. Deus, que sozinho criou o
céu e a terra, e o único que pode dar o conhecimento verdadeiro de toda
coisa criada em sua relação com ele.
§217 Deus é verdadeiro também quando se revela: o
ensinamento que vem de Deus é "uma doutrina de verdade" (Ml 2,6). Quando
enviar seu Filho ao mundo, ser "para dar testemunho da Verdade" (Jo
18,37): "Nós sabemos que veio o Filho de Deus e nos deu a inteligência
para conhecermos o Verdadeiro".
§218 Ao longo de sua história, Israel pôde descobrir
que Deus tinha uma única razão para revelar-se a ele e para tê-lo
escolhido dentre todos os povos para ser dele: seu amor gratuito. E
Israel entendeu, graças a seus profetas, que foi também por amor que
Deus não cessou de salvá-1o e de perdoar-lhe sua infidelidade e seus
pecados.
§219 O amor de Deus por Israel é comparado ao amor
de um pai por seu filho. Este amor é mais forte que o amor de uma mãe
por seus filhos. Deus ama seu Povo mais do que um esposo ama sua
bem-amada; este amor se sobrepor até às piores infidelidades; ir até a
mais preciosa doação: "Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho
único" (Jo 3,16).
§220 O amor de Deus é "eterno" (Is 54,8): "Os montes
podem mudar de lugar e as colinas podem abalar-se, mas o meu amor não
mudará" (Is 54,10). "Eu te amei com um amor eterno, por conservei por ti
o amor" (Jr 31,3).
§221 Mas São João ir ainda mais longe ao afirmar:
"Deus é Amor" (1Jo 4,8.16); o próprio Ser de Deus é Amor. Ao enviar, na
plenitude dos tempos, seu Filho único e o Espírito de Amor, Deus revela
seu segredo mais íntimo: Ele mesmo é eternamente intercâmbio de amor:
Pai, Filho e Espírito Santo, e destinou-nos a participar deste
intercâmbio.
§222 Crer em Deus, o Único, e amá-lo com todo o próprio ser em conseqüências imensas para toda a nossa vida.
§223 Significa conhecer a grandeza e a majestade de
Deus. "Deu, é grande demais para que o possamos conhecer" (Jó 36,26). E
por isso que Deus deve ser o "primeiro a ser servido".(Santa Joana
d’Arc, dictum).
§224 Significa viver em ação de graças. Se Deus é o
Único, tudo o que somos e tudo o que possuímos vem dele: "Que é que
possuis, que não tenhas recebido?" (1Cor 4,7). "Como retribuirei ao
Senhor todo o bem que me fez?" (Sl 116,12).
§225 Significa conhecer a unidade e a verdadeira
dignidade de todos os homens. Todos eles são feitos "à imagem e à
semelhança de Deus" (Gn 1,27).
§226 Significa usar corretamente das coisas criadas.
A fé no Deus único nos leva a usar de tudo o que não é Ele, na medida
em que isso nos aproxima dele, e a desapegar-nos das coisas, na medida
em que nos desviam dele:
Meu Senhor e meu Deus, tirai-me tudo o que me afasta de vós.
Meu Senhor e meu Deus, dai-me tudo o que me aproxima de vós.
Meu Senhor e meu Deus, desprendei-me de mim mesmo pai
doar-me por inteiro a vós.
§227 Significa confiar em Deus em qualquer
circunstancia, mesmo na adversidade. Uma oração de Sta. Teresa de Jesus
(Poes. 9) exprime-o de maneira admirável:
Nada te perturbe
Nada te assuste
Tudo passa
Deus não muda
A paciência tudo alcança
Quem a Deus tem
Nada lhe falta.
Só Deus basta
§228 "Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o Único
Senhor...". (Dt 6,4; Mc 12,29). "É preciso necessariamente que o supremo
seja único, isto é, sem igual... Se Deus não for único não é Deus"
§229 A fé em Deus leva-nos a nos voltar só para Ele
como nossa primeira origem e nosso fim último, e a nada preferir nem
substitui-lo por nada.
§230 Ao revelar-se, Deus permanece Mistério inefável: "Se o compreendesses, ele não seria Deus ".
§231 O Deus de nossa fé revelou-se como Aquele que
é; deu-se a conhecer como "cheio de amor e fidelidade" (Ex 34,6). Seu
próprio ser é Verdade e Amor.
§232 Os cristãos são batizados "em nome do Pai, do
Filho e dó Espírito Santo" (Mt 28,19). Antes disso, eles respondem
"Creio" à tríplice pergunta que os manda confessar sua fé no Pai, no
Filho e no Espírito: "Fides omnium christianorum in Trinitate consistit -
A fé de todos os cristãos consiste na Trindade"
§233 Os cristãos são batizados "em nome" do Pai e do
Filho e do Espírito Santo, e não "nos nomes" destes três, pois só
existe um Deus, o Pai Todo-Poderoso, seu Filho Único e o Espírito Santo:
a Santíssima Trindade.
§234 O mistério da Santíssima É, portanto, a fonte
de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina. É o
ensinamento mais fundamental e essencial na "hierarquia das verdades de
fé". "Toda a história da salvação não é senão a história da via e dos
meios pelos quais o Deus verdadeiro e Único, Pai, Filho e Espírito
Santo, se revela, reconcilia consigo e une a si os homens que se afastam
do pecado"
§235 Neste parágrafo se exporá brevemente de que
modo é revelado o mistério da Santíssima Trindade (I), de que maneira a
Igreja formulou a doutrina da fé sobre este mistério (II), e,
finalmente, de que modo, mediante as missões divinas do Filho e do
Espírito Santo, Deus Pai realiza seu "desígnio benevolente" de criação,
de redenção e de santificação (III).
§236 Os Padres da Igreja distinguem entre a
"Theologia" e a "Oikonomia", designando com o primeiro termo o mistério
da vida íntima do Deus-Trindade e com o segundo todas as obras de Deus
por meio das quais ele se revela e comunica sua vida. E mediante a
"Oikonomia" que nos é revelada a "Theologia"; mas, inversamente, é a
"Theologia" que ilumina toda a "Oikonomia". As obras de Deus revelam
quem Ele é em si mesmo e, inversamente, o mistério de seu Ser íntimo
ilumina a compreensão de todas as suas obras. Acontece O mesmo,
analogicamente, entre as pessoas humanas. A pessoa mostra-se em seu agir
e, quanto melhor conhecermos uma pessoa, tanto melhor compreenderemos
seu agir.
§237 A Trindade é um mistério de fé no sentido
estrito, um do "mistérios escondidos em Deus que não podem ser
conhecidos se não forem revelados do alto". Sem dúvida, Deus deixou
vestígios de seu ser trinitário em sua obra de Criação e em sua
Revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade de seu Ser
como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e
até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da
missão do Espírito Santo
§238 A invocação de Deus como "Pai" é conhecida em
muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada "pai dos deuses
e dos homens". Em Israel, Deus é chamado de Pai enquanto Criador do
mundo. Deus é Pai, mais ainda, em razão da Aliança, e do dom da Lei a
Israel, seu "filho primogênito" (Ex 4,22). E também chamado de Pai do
rei de Israel. Muito particularmente Ele é "o Pai dos pobres", do órfão e
da viúva que estão sob sua proteção de amor.
§239 Ao designar a Deus com o nome de "Pai", a
linguagem da fé indica principalmente dois aspectos: que Deus é origem
primeira de tudo autoridade transcendente, e que ao mesmo tempo é
bondade e solicitude de amor para todos os seus filhos. Esta ternura
paterna de Deus pode também ser expressa pela imagem da maternidade, que
indica mais imanência de Deus, a intimidade entre Deus e sua criatura. A
linguagem da fé inspira-se, assim, na experiência humana dos pais
(genitores), que são de certo modo os primeiros representantes de Deus
para o homem. Mas esta experiência humana ensina também que os pais
humanos são falíveis e que podem desfigurar o rosto da paternidade e da
maternidade. Convém então lembrar que Deus transcende a distinção humana
dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende também a
paternidade e a maternidade humanas embora seja a sua origem e a medida:
ninguém é pai como Deus o é.
§240 Jesus revelou que Deus é "Pai" num sentido
inaudito: não o é somente enquanto Criador, mas é eternamente Pai em
relação a seu Filho único, que só é eternamente Filho em relação a seu
Pai: "Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece O Pai senão
o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11,27).
D.14.18.5 Santidade do nome de Deus
§2142 "Não pronunciarás o nome do Senhor, teu
Deus, em vão' (Ex 20,7). O segundo mandamento pertence, como o primeiro
ao âmbito da virtude da religião e regula mais particularmente o uso que
fazemos da palavra nas coisas santas.
§2143 Entre todas as palavras da revelação há uma,
singular, que é a revelação do nome de Deus. Deus confia seu nome
àqueles que crêem nele; revela-se-lhes em seu mistério pessoal. O dom do
nome pertence à ordem da confiança e da intimidade. "O nome do Senhor é
santo." Eis por que o homem não pode abusar dele. Deve guardá-lo na
memória num silêncio de adoração amorosa. Não fará uso dele a não ser
para bendizê-lo, louvá-lo e glorificá-lo.
§2144 A deferência para com o nome de Deus exprime o
respeito que é devido ao mistério do próprio Deus e a toda a realidade
sagrada que ele evoca. O sentido do sagrado faz parte do âmbito da
religião:
Os sentimentos de temor e do sagrado são ou não
sentimentos cristãos? Ninguém pode em sã razão duvidar disso. São
sentimentos que teríamos, em grau intenso, se tivéssemos a visão do Deus
soberano. São sentimentos que teríamos se nos apercebêssemos claramente
de sua presença. Na medida em que cremos que Ele está presente, devemos
tê-los. Não tê-los é não perceber, não crer que Ele está presente.
§2145 O fiel deve testemunhar o nome do Senhor,
confessando sua fé sem ceder ao medo. O ato da pregação e o ato da
catequese devem estar penetrados de adoração e de respeito pelo nome de
Nosso Senhor, Jesus Cristo.
§2146 O segundo mandamento proíbe o abuso do nome de
Deus, isto é, todo uso inconveniente do nome de Deus, de Jesus Cristo,
da Virgem Maria e de todos os santos.
§2147 As promessas feitas a outrem em nome de Deus
empenham a honra, a fidelidade, a veracidade e a autoridade divinas.
Devem, pois, em justiça, ser respeitadas. Ser-lhes infiel é abusar do
nome de Deus e, de certo modo, fazer de Deus um mentiroso.
§2148 A blasfêmia opõe-se diretamente ao segundo
mandamento. Ela consiste em proferir contra Deus interior ou
exteriormente - palavras de ódio, de ofensa, de desafio, em falar mal de
Deus, faltar-lhe deliberadamente com o respeito ao abusar do nome de
Deus. São Tiago reprova "os que blasfemam contra o nome sublime (de
Jesus) que foi invocado sobre eles" (Tg 2,7). A proibição da blasfêmia
se estende às palavras contra a Igreja de Cristo, os santos, as coisas
sagradas. É também blasfemo recorrer ao nome de Deus para encobrir
práticas criminosas, reduzir povos à servidão, torturar ou matar. O
abuso do nome de Deus para cometer um crime provoca a rejeição da
religião.
A blasfêmia é contrária ao respeito devido a Deus e a seu santo nome. E em si um pecado grave.
§2149 As pragas, que fazem intervir o nome de Deus, sem intenção de blasfêmia, são uma falta de respeito para com o Senhor.
O segundo mandamento proíbe também o uso mágico do nome divino.
O nome de Deus é grande lá onde for pronunciado com o
respeito devido à sua grandeza e à sua majestade. O nome de Deus é
santo lá onde for proferido com veneração e com temor de ofendê-lo.
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