'Escuridão e sujeira. O mal trabalha para escurecer, para sujar a beleza de Deus', afirmou o papa, que em 28 de fevereiro renunciará a seu pontificado
Cidade do Vaticano.- O papa Bento XVI
afirmou neste sábado que 'o demônio sempre tenta sujar a criação de
Deus' através 'do mal deste mundo, do sofrimento e da corrupção',
perante os membros da Cúria romana e o cardeal Gianfranco Ravasi,
diretor dos exercícios espirituais.
'Escuridão e sujeira. O mal trabalha para escurecer, para sujar a
beleza de Deus', afirmou o papa, que em 28 de fevereiro renunciará a seu
pontificado, após uma semana de exercícios espirituais na capela
'Redemptoris Mater' do Vaticano.
'Mas da escuridão e da lama - continuou - emerge com a fé que ajuda a
encontrar a bússola entre as trevas, a mão de Deus, para redescobrir o
amor e a verdade', acrescentou.
O líder religioso se referiu ao Deus que cria o mundo para no final ver que 'tudo é muito lindo', disse.
Tudo isso, afirmou o papa, 'está em contradição com o mal neste mundo, o
sofrimento, a corrupção (...) como se o diabo quisesse contaminar
permanentemente a criação, para contradizer Deus e brigar com sua
verdade e sua beleza'.
Após a experiência espiritual dos últimos dias, o papa Bento XVI
agradeceu à Cúria por esses oito anos que levaram com ele, 'com grande
competência, afeto, amor e fé o peso de ministério petrino'.
Depois, em sua primeira aparição depois uma semana de exercícios
espirituais, o papa recebeu em audiência privada de pouco mais de meia
hora o presidente da República da Itália, Giorgio Napolitano e sua
esposa.
Bento XVI disse a Napolitano que rezará pela Itália, agradeceu por sua
amizade e manifestou seus melhores votos para o bem da Itália,
'particularmente nestes tempos'.
Napolitano transmitiu a gratidão do povo italiano pelo magistério que
Bento XVI desempenhou e garantiu ao pontífice que a gratidão e o afeto
do povo italiano o acompanharão pelos próximos anos.
Por outro lado, a Secretaria de Estado da Santa Sé rejeitou hoje as
'tentativas de condicionar os cardeais, com vistas ao Conclave, com a
divulgação de notícias frequentemente não verificadas ou verificáveis e,
portanto, falsas, com grande prejuízo a pessoas e instituições'.
A Secretaria de Estado da Santa Sé, mediante uma nota publicada no site
da 'Rádio Vaticana', lembrou que 'a liberdade' do Colégio Cardinalício,
'cuja missão é a de proporcionar um novo papa à Igreja Católica, sempre
foi defendida pela Igreja, para garantir uma eleição baseada unicamente
em decisões em prol da Igreja'.
O modo atual com que se tenta influir nos cardeais mudou - afirma - e,
atualmente, 'tenta-se alterar a opinião pública através de argumentos e
valorações que não refletem a atmosfera espiritual que a Igreja está
vivendo'.
'É deplorável que, ao se aproximar a data do Conclave, se multiplique a
divulgação de notícias frequentemente não verificadas que causam um
grande prejuízo à instituição e a seus integrantes', concluiu.
Por sua vez, o porta-voz vaticano, o jesuíta Federico Lombardi, também
denunciou hoje a existência das mesmas pressões que a Secretaria de
Estado lamenta, para condicionar o livre exercício de voto no Conclave,
já que vários cardeais estão sendo 'considerados indesejáveis por uma
razão ou por outra'.
Além de um editorial escrito hoje para a 'Rádio Vaticana', em que
Lombardi declara que 'o caminho da Igreja nas últimas semanas do
pontificado do papa Bento XVI, até a eleição do novo papa através da Sé
Vacante' e o Conclave, é 'muito difícil, dada a novidade da situação', o
jesuíta compareceu em uma breve entrevista coletiva no Vaticano.
Lombardi assegurou que nem todos os meios de comunicação podem ser
acusados de publicar rumores, mas indicou que é o caso de alguns
veículos italianos e de vários estrangeiros que continuam difamando, são
notícias que falam de uma 'forma negativa e premeditada'.
E o representante fez um apelo à imprensa para informar com comedimento
sobretudo quanto ao que acontece na Igreja Católica. EFE
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