RIO- Uma fuligem de cor branca que cai dos céus em vários bairros da
cidade chama a atenção de cariocas na tarde desta terça-feira. A
fuligem, bastante fina, pode ser observada no Centro, Glória, Leblon,
Copacabana, Flamengo entre outras regiões. Alguns moradores já foram
obrigados a fechar as janelas temendo que as casas fiquem sujas.
—
Com todo esse calor tive que fechar a janelada sala e ligar o
ventilador. A poeira é muito fina e aparentemente sem cheiro — disse o
morador da Glória, Marcelo Silva.
O secretário estadual do
Ambiente, Carlos Minc, disse que as equipes de emergência ambientais
foram acionadas mas não conseguiram identificar a origem do problema.
Nas investigações, foram consultados três quartéis de bombeiros que
atendem à Zona Sul.
— A hipótese de resíduos industriais está
afastada porque não há plantas do gênero na Zona Sul. Pode ter sido
incêndio em lixo ou em um galpão. O que sabemos é que já parou — disse
Carlos Minc.
A prefeitura também não soube explicar o fenômeno. A
Secretaria municipal de Meio Ambiente informou que as oito estações de
monitoramento do ar fixas e duas móveis não detectaram qualquer
anormalidade na qualidade do ar na Cidade do Rio. O O Centro de
Operações Rio também não verificou nenhuma ocorrência, até o momento,
que possa explicar essa fuligem
O secretário descartou a
possibilidade da fuligem ser consequência de um incêndio na vegetação do
terreno de um quartel da Marinha em Campos Elísios (Caxias) onde
funciona uma estação de rádio. Mas tanto o Quartel Central dos Bombeiros
quanto Minc acham improvável que as cinzas tenham chegado à Zona Sul.
Em
Brasília, o Comando da Aeronáutica informou que não há registros nos
aeroportos brasileito de presença de fuligem inclusive nas principais
pistas de pouso e decolagem do Rio (Tom Jobim e Santos Dumont).
As
autoridades ambientais também descartam a possibilidade de serem cinzas
vulcânicas que se deslocam do Chile e atingiram o sul do país na
terça-feira. As erupções foram no vulcão Copahue, localizado na
fronteira entre o Chile e Argentina, que expeliu uma grande coluna de
cinzas e material piroclástico a mais de 1500 metros de altitude. Esta é
a primeira erupção da montanha no século 21. Segundo o site
especializado Apolo 11, essas cinzas se aproximavam no dia 24 do litoral
do Rio de Janeiro, São Paulo e do Espírito Santo.
— Se fossem cinzas vulcânicas elas não apareceriam apenas em alguns bairros e o fenômeno durariam mais horas — acredita Minc.
O
meteorologista do Cptec/Inpe, Olívio Neto, disse que pelo comportamento
atmosférico, acha improvável que sejam cinzas do vulcão chileno.
—
Meteorologicamente falando, acho quase impossível. Seria impossível
chegar ao Sudeste sem ter deixado um rastro em outras cidades do Sul,
por exemplo.Os ventos também não estão favorecendo esse movimento.Além
disso, há a formação de uma instabilidade no Sul, com nuvens verticais
de até 18 quilômetros, verdadeiros paredões formando uma barreira para a
passagem dessa cinza. Também não houve qualquer relato por parte de
aeroportos.Com as informações de que dispomos, eu diria que é muito mais
provável que o fenômeno esteja relacionado a algum incêndio na região.
Dependendo do padrão dos ventos e da poluição, as cinzas podem ficar
numa camada próxima da Terra, não se dissiparem para a alta atmosfera,e
ai começam a precipitar — disse Olívio Neto.
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